"Uma temporada na Terra"
Na noite, num banho frio
Um córrego de sombras, a luz
Uma tosse, um ruído, um arrepio
Brumas de madrugada que nos conduz
A vida um carbono no século vinte e um
O dia inteiro a correria
e... Na noite, num banho frio
Há tristeza, som, melancolia
O silêncio sem coração não faz tum-tum
No meio do sorriso a desalegria
No meio da vida a rotina, o rito
É o sarcasmo do cancro espírito
O santo que desatina: o grito!
Sem deus nem diabo, o que se faria?
E eles? Os homens, o que farão?
Na noite, num banho frio
Dentro da cabeça todo desenvolvimento
é fraco-raso-inútil envolvimento
Esguio e longânime o des-envolvimento
Na pressão da felicidade: o brio;
Ser infeliz é liberdade
Quando a fumaça é o sol da vaidade
*
É o escarro e o cuspe o marasmo
O tempo nos ensinando o bê-a-bá ou bê-o-bô
Uma temporada no inferno é pouco, Rimbaud
Comparada à vida na terra, quase pasmo
Ele berra! Ninguém morre sorrindo, então enterra!
Como se o cérebro fosse mais que um inseto
e a força do pensamento a palavra que falta
para Clarice Lispector,
Morrer é mais que ser um nauta
no silêncio e no deserto
Como se a lua fosse amiga da estrela
como se pudesse ela sê-la
A distância é o único ponto certo.
Ninguém morre feliz e com equilíbrio,
Então enterra!
Isso é uma temporada na Terra!
*
(Por Marcos P. S. Caetano)
1° parte 16 de Outubro de 2008 às 3h36, e 2° 16 de Outubro de 2008 às 3h56
Imagem: Poeta Arthur Rimbaud aos 17 anos, retratado por [Étienne Carjat]], provavelmente em dezembro de 1871.
Palavra da Vez:
inferno |é|
(latim infernum, -i)
s. m.
1. [Mitologia ] Habitação das almas dos mortos.
2. [Religião ] Lugar destinado ao castigo eterno da alma dos pecadores, por oposição ao céu. (Geralmente com inicial maiúscula.)
3. Lugar dos demónios .
4. Conjunto dos demónios .
5. [Figurado] Vida atribulada ou de sofrimento.
6. Coisa desagradável.
7. Desassossego, sofrimento.
8. Grande confusão ou gritaria. = INFERNEIRA
9. Refeitório de certas ordens religiosas (onde os frades comiam carne).
10. Reservatório para onde escorrem os resíduos do fabrico do azeite.
11. Vão em que gira a roda da azenha.
Marcos. Você pôs no mesmo poema Rimbaud e Clarice. Isso é coragem, meu caro! Sou mais chegado a Rimbaud, sem desmerecer Clarice.
ResponderExcluirGosto muito desse tipo de poema que divide os pontos de uma só idéia, que você fez muito bem.
Então +__+
ResponderExcluireu com Florbela e vc com Rimbaud, né?
to pra comprar esse uma Temporada no Inferno tem um tempinho já.
olha, quando eu leio um poema, seja de quem for, eu sempre espero o melhor do escritor, e vc já me habituou com coisa boa, aí fica fácil :D
pra melhor dizer gostei mais do segundo, mas o primeiro não ficou ruim, tá? é que o segundo me "chamou" mais.
bjns
vixe!
ResponderExcluirjá ia esquecendo que vc me fez uma pergunta lá...
posso responder aqui, posso? ^^ oq? disse que sim? rsrsrsss
bem, oq me aconteceu foi um grande amor, daqueles mesmo...
amei demais e me queimei inteira, sabe como é...... se não sabe, experimente se apaixonar por um poeta... esses tipos acabam com a vida de uma mulher, mas não vou conseguir odiá-lo nunca, por mais que eu tente. heheheh acabei esquecendo que vc é poeta e não é mulher, desculpaaaa! mas imagino que vc já deve ter ferido alguma menina por aí, claro, não intencionalmente... e foi oq me aconteceu, tem outros detalhes q não vêm ao caso tbm, mas...
infelizmente sofro desse distúrbio místico de ser eu, e acabei me ferrando, mas tudo bem...
bom, tá respondido?
A mim respondeu, Clara. Mas, é impressão minha ou a você ainda não? :)
Excluir"A distância é o único ponto certo.
ResponderExcluirNinguém morre feliz e com equilíbrio,
Então enterra!
Isso é uma temporada na Terra!" Você é lindo ,poeta. Lindo!